PERDAS NECESSÁRIAS

Como adultos saudáveis, sentimos nosso eu digno de ser amado, valioso, genuíno. Sentimos a "individualidade" do nosso eu. Sentimos que somos únicos. E, ao invés de ver o eu como a vítima passiva do mundo interior e exterior, manejada, desamparada e fraca, reconhecemos o eu como agente responsável e força determinante da nossa vida.
Como adultos saudáveis, podemos integrar as várias dimensões da nossa experiência humana, abandonando as simplificações da juventude insensível. Tolerando a ambivalência. Vendo a vida através de várias perspectivas. Descobrimos que o oposto de uma verdade importante pode ser outra verdade importante. E somos capazes de transformar fragmentos separados em um todo, aprendendo a ver os temas unificadores.
Como adultos saudáveis possuímos, além de uma consciência, e, é claro, do sentimento de culpa, a capacidade para sentir remorso e para perdoar a nós mesmos. Somos apenas refreados – não aleijados – pela nossa moralidade. Assim, continuamos livres para afirmar, conquistar, ganhar a competição e para saborear os complexos prazeres do sexo adulto.
Como adultos saudáveis, podemos procurar e gozar nossos prazeres, mas podemos também enxergar e viver nossas dores. As adaptações construtivas e as defesas flexíveis permitem que alcancemos objetivos importantes. Aprendemos a conseguir o que queremos, e repudiamos o proibido e o impossível, embora ainda – por meio das fantasias – nos sintonizemos nas suas exigências. Mas sabemos como diferenciar a realidade da fantasia. E podemos – ou conseguimos – aceitar a realidade. E estamos dispostos a procurar a maior parte das nossas gratificações no mundo real.
O que chamamos de "teste da realidade" começa – com a frustração – na primeira infância, quando se descobre que só desejar não realiza o que queremos, quando se descobre que fantasias não aquecem, não confortam nem alimentam. Adquirimos o senso da realidade, isto é, somos capazes de dizer se alguma coisa existe realmente ou não, pois, por mais vívida que seja a imagem de gratificação criada, não passa de uma imagem da mente, e não uma presença viva no quarto.

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